Vamos fingir que acordámos hoje num país diferente. Com o mesmo sol e as mesmas praias, não me entendam mal, mas cheio de fábricas que exportem até não poder mais, e com os campos cultivados de norte a sul. Hoje, tudo era diferente. Vivíamos realizados, pessoal e profissionalmente falando, a plantar tomate ou morangos, a produzir com as nossas próprias mãos. Porque, ao contrário do que diz o antigo banqueiro João Salgueiro, ontem, em entrevista ao Diário Económico, os portugueses sabem e até gostam de usar as mãos, as duas. Há muito que trabalhar num balcão de um banco deixou de ser o emprego de sonho da classe média. Neste nosso país, as empresas cresciam, os empresários eram competentes, sabiam o que faziam, tinham estratégia, visão e antecipavam os problemas. E pagavam aos trabalhadores na justa medida do seu valor. Nem mais, nem menos. E estes acordavam todas as manhãs com uma vontade imensa de apanhar morangos de sol a sol. Ahhh, desculpem! Não é possível. A perspetiva que existe é a de mais um corte de salários. Queres morangos?!…
O pior é que acordamos…
Que bom que era, Sílvia, podermos acordar nesse país. Eu, que gosto de trabalhar com as mãos, de as por na massa, já só ambiciono um dia acordar neste país, a apanhar os meus morangos. E por isso vou lutar, até morrer.
É isso Margarida 🙂 Sucede que, em geral, a vontade para apanhar morangos começa a faltar… beijinhos