Artigo publicado no Dinheiro Vivo
É evidente a derrota do PSD e de Passos Coelho e sabemos que as consequências não tardarão, mas, da noite eleitoral, mais do que antecipar se este primeiro-ministro terá o mesmo destino de Guterres, se será cilindrado por Rio, se, agora, é que estamos a um passo do segundo resgate e de eleições antecipadas, prefiro falar de Rui Moreira, de António Costa e do presidiário Isaltino Morais. Foi com estes nomes que acordei hoje de manhã, é deles que vale a pena falar.
Rui Moreira ganhou porque é aquilo que as pessoas querem. Um independente, sem partidos, ou melhor, sem estes partidos, sem passado político, sem politiquices, sem manchas, pronto para começar do princípio e fazer acreditar que, como ele próprio disse, “é possível fazer diferente”.
Ontem, os portuenses responderam da melhor maneira às propostas irresponsáveis e populistas de Luís Filipe Menezes, o candidato do austero primeiro-ministro. Ainda é cedo para saber como vai correr a liderança de um independente na segunda maior cidade do país, mas para já, Moreira conseguiu um milagre nos dias que correm, inspirar-nos, e isso não é pouco. Venham mais.
António Costa esmagou, teve maioria absoluta em Lisboa, derrotou Fernando Seara, e mais do que isso, foi ele o rosto da vitória do PS. Por mais que se esforce, António José Seguro não é o líder que os socialistas querem, que os socialistas precisam. Por mais que queira e tente, não foi ele o vencedor da noite. Costa continua a ser, pela carreira política e imagem de estadista, candidato à liderança do PS e candidato a primeiro-ministro. Ontem, possivelmente, Seguro já pensava na pré-campanha, mas haverá, seguramente, quem trabalhe em alternativas.
Isaltino Morais está preso desde Abril, mas o movimento (Isaltino Oeiras Mais À Frente), liderado pelo seu vice, Paulo Vistas, ganhou as eleições em Oeiras. Neste caso, um dos concelhos mais ricos e desenvolvidos da Península Ibérica decide eleger para Presidente da Câmara um movimento que tem por trás um presidiário, acusado dos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais (convém lembrar).
Pelos vistos, para certas pessoas, de pouco importa a forma como a obra de certos autarcas aparece feita. Ontem, festejou-se a vitória deste movimento em frente à cadeia onde Isaltino está detido. Que vergonha!
Sílvia, permite-me que reproduza os seus dois últimos parágrafos na minha página do Facebook?
Claro que sim, Amadeu Silva.
Partilho inteiramente da mesma opinião e já o tinha dito, mas não com tanta eloquência. Obrigado. 🙂
Obrigada, eu 🙂