Artigo de opinião publicado em Dinheiro Vivo
O país deitou-se com António Costa candidato a líder do PS e candidato a sucessor do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e acordou com António Costa recandidato de si mesmo à presidência da Câmara Municipal de Lisboa. O país acordou claramente a perder.
E ficou a perder porque estando este Governo a prazo, e não há pior para quem governa e para quem é governado do que viver a prazo – é mais difícil confiar, acreditar, respeitar e fazer -, estando este Governo preso por arames, é urgente que surja uma alternativa de governação.
Goste-se ou não de António Costa, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa não é um messias, mas é uma alternativa de poder forte, mais forte do que António José Seguro. E, mais importante, é uma alternativa ideológica ao Governo, ao PSD, a este PSD.
Se há coisa que ficou clara com Passos Coelho e Vítor Gaspar, é que agora já não há centrão em Portugal, não há confusão possível entre este PSD e o PS, já não é quase indiferente votar num ou noutro. A dimensão ideológica deste Governo tornou tudo mais claro para quem vota. Isso é bom.
E o país precisa de propostas diferentes, de confronto, de debate. O PS deve agarrar na sua ideologia, mostrar que a tem, aproveitar o espaço que este PSD lhe deu, organizar-se e apresentar as suas ideias ao país e encontrar um líder forte.
No caso de António Costa, este ‘não’ à liderança do PS é meramente circunstancial, é mais uma questão de jogo político. O próprio terá avisado o atual secretário-geral que disputará o lugar se Seguro não souber unir o partido. O quê?! Unir o Partido Socialista?! Mas alguém quer saber disso, união de um partido não é claramente um problema que interesse nos dias de hoje, é antes uma desculpa tática para um compasso de espera que António Costa preferiu fazer. Esta hesitação só veio prolongar um pouco mais a crise política e atrasar a iminente queda do atual Governo.