Enquanto em Portugal se discute o gordo e generoso Estado Social, nos Estados Unidos critica-se a sua quase inexistência, desta vez, por causa de uma violenta epidemia de gripe, que já matou centenas de pessoas.
Sondagens mostram que mais de um terço dos trabalhadores norte-americanos não tem qualquer subsídio de doença, sendo que em alguns sectores, como na restauração, essa percentagem sobe para quase 100.
Assim, como há que pagar contas, é comum as pessoas irem trabalhar doentes, cheias de febre, tossindo e espirrando para cima do colega do lado. Caminho limpo para o contágio em larga escala.
Os poucos empresários que pagam aos trabalhadores os dias em que eles ficam doentes em casa são elogiados. Wise management, lê-se na imprensa norte-americana. E em vários estados surgem leis, ainda que muito limitadas, a impor a baixa paga em caso de doença.
Sim, não faz muito sentido ver as pessoas a morrer e mesmo assim obrigar os doentes a trabalhar.
A existência de subsídio de doença também permite medir o nível de desenvolvimento de uma economia. O magro Estado social norte-americano talvez conduza a mais crescimento, ainda que a relação entre menos Estado Social e mais crescimento esteja por provar, mas depois resulta nestas inexplicáveis situações em que pessoas cheias de gripe cozinham o almoços das outras.